Notei, pelos treinamentos que venho fazendo ultimamente, uma curiosidade enorme das pessoas em saber como é a rotina de trabalho de um guia em Orlando, entre vários outros detalhes. Sendo assim, achei legal responder com informações em artigos aqui no VPO – se você é um desses curiosos, não deixe de ler esta e as próximas publicações!
Em geral, o quanto você estará disponível aos passageiros depende do método de trabalho da empresa que o contratou. Algumas limitam as atividades do guia a um certo número de horas, ou a eventos específicos… mas a maioria conta com a atenção dele num sistema 24h, no qual os passageiros poderão encontra-lo sempre que necessário, nos parques, no hotel, nos shoppings, festas e onde mais estiverem.
Isso quer dizer que não terei nenhum dia de folga? Isso mesmo. E quer dizer também que você dificilmente terá momentos nos quais poderá se ausentar para realizar atividades pessoais, como por exemplo visitar amigos e parentes, fazer compras, ir ao supermercado, etc. Falando assim, até parece que somos confinados num regime de trabalho interminável, rs! Mas não, não é bem por aí. Fazemos sempre o que o grupo faz, mas temos nossos momentos de descanso no hotel, depois que as atividades do dia se encerram – estamos sujeitos a (muitas) chaves de quartos perdidas, acontecimento comum em excursões com adolescentes, mas não havendo ‘ocorrências’ é possível desfrutar de um banho de piscina ou mesmo um banho gostoso na banheira.
Posso sair à noite para me divertir nas ‘baladas’ de Orlando? A pergunta mais correta aqui seria: será que você deveria? Pense bem… como guia você é o líder, a pessoa responsável por um grupo que provavelmente está ali pela primeira vez e pode precisar da sua ajuda. Diante de uma necessidade, um acontecimento urgente, uma emergência médica… imagine que algo aconteceu e você não estava ali para ajudar porque estava fora, se divertindo. Feio, né? Coloque-se no lugar de seu passageiro e pergunte-se como se sentiria se estivesse na pele dele, sem o apoio do profissional que foi contratado para atendê-lo.
Isso quer dizer que devo estar o tempo todo à disposição, 24 horas por dia? Mais ou menos. Isso quer dizer que você será sempre a referência, a opção número um para os casos importantes e menos importantes, e cabe a você determinar com seu grupo o que é prioridade e o que pode esperar até o dia seguinte, afinal de contas, você também precisa descansar.
Quer dizer que você, ao criar uma relação de amizade com seus passageiros, pode mostrar que tem todo o direito de recarregar as energias sempre que preciso, pelo bem deles. Você pode, por exemplo, se dar ao luxo de ficar ali, sentadinho na frente do castelo saboreando um sorvete-delícia enquanto espera pelo horário do ponto de encontro. Você pode ter seus minutinhos de intervalo para falar com seus familiares e amigos, matar a saudade do filho, do cachorro, do irmão mais novo. Você pode ‘sumir’ por alguns instantes para recuperar a calma quando aquele imprevisto te tirar do sério. Você pode muitas coisas! O que não pode é ir para Orlando como guia e se esquecer disso.
Não pode fazer de conta que não é com você, fingir que estava dormindo e não ouviu o telefone, ignorar quando um passageiro te pede ajuda, por mais bobo que seja o problema ou a pergunta. Não pode embarcar achando que está recebendo pouco, que a programação é ruim, que a empresa não te deu o suporte necessário – tudo isso deve ser avaliado ANTES, quando você ainda tem a oportunidade de dizer não e buscar opções melhores. Acima de tudo, o que não pode é você assumir o papel de guia e contar os dias para estar de volta… isso é sinal de que o trabalho virou tortura, e aí meu caro, não é pra você.
É uma rotina pesada sim, fisicamente bem desgastante. O corpo volta meio quebrado, com bolhas, marcas de sol, entre outros reflexos do dia-a-dia nos parques. Dormimos pouco, andamos muito, comemos rápido e falamos até a voz não aguentar mais. Mesmo assim, é uma rotina apaixonante, um intensivão de aprendizados em todos os sentidos que nos deixa mais resilientes, mais preparados para lidar com pessoas, pressões e imprevistos, e com ainda mais vontade de fazer tudo de novo.
Vai encarar? Seja bem vindo e boa sorte!
Luciana Ribeiro
Change Treinamento em Turismo