Muitos brasileiros visitam anualmente o complexo – Kennedy Space Center – quartel general da NASA (National Aeronautics and Space Administration) que fica sediado em uma ilha localizada entre as cidades de Jacksonville e Miami.
A grande maioria dos turistas busca conhecer um pouco mais a respeito da agência espacial americana por meio das suas atrações e filmes que são exibidos no complexo. Todavia, para aqueles de anseiam por uma experiência ainda mais imersiva é possível contar com inúmeros programas dentre eles o Summer Camp Kennedy Space Center.
E exatamente a respeito de tal programa é que a usuária Renata Almeida Sabbat nos concedeu uma matéria em que relata o interesse da vossa filha em participar do Summer Camp Kennedy Space Center, todos os preparativos necessários; e, finalmente a própria Elisa nos narra como foi a sua experiência.
Introdução e Preparativos – Renata
Férias na Flórida? Pode ter mais do que apenas Disney!
Tudo começou em 2008 quando minha filha Elisa, na época com 10 anos, perguntou de supetão se eu permitiria que ela trabalhasse na NASA quando crescesse. Apesar do susto de uma pergunta tão específica, sem perder o rumo de casa (estávamos no carro) disse que sim, bastava que ela se dedicasse aos estudos. Perguntei se ela queria ser astronauta, e ela me disse que não, apenas cientista. Ok. Menos perigoso…
Em janeiro de 2009 programamos uma viagem a Orlando, Elisa, dois tios (minha cunhada e o marido) e eu. O pai e o irmão caçula, á época com três anos não iriam desta vez. Encontraríamos alguns amigos que agora moravam no Rio de Janeiro por lá também. Na nossa programação, não poderia faltar um passeio à NASA! Fomos lá conhecer o ‘”futuro local de trabalho da Elisa”.
Ao chegarmos ao Kennedy Space Center – Visitor Complex, uma deliciosa sensação de tranqüilidade e proximidade com a natureza. A viagem de carro (cerca de 40 milhas de Orlando) até a cidadezinha de Titusville nos remeteu a outra América, diferente de Orlando e seu ritmo mais frenético.
Após termos feito todo o roteiro nas dependências do KSC, no hall de entrada vi um display com diversos folders e me aproximei. Lá identifiquei um sobre o KSC Summer Camp, o acampamento de verão para crianças e adolescentes no Kennedy Space Center! Mostrei para Elisa e perguntei se ela teria interesse. Mas que dúvida! Prometi então que se ela se dedicasse aos estudos poderíamos nos programar para voltar.
Em 2010 Elisa voltou a me perguntar sobre minha promessa. Ela havia cumprido o trato e se dedicado aos estudos, principalmente o curso extracurricular de inglês. Conversei com meu esposo e fui buscar novas informações sobre o Summer Camp.
Em dezembro cheguei a ligar nos Estados Unidos ((866) 737-5235) e fui informada que a lista das semanas para 2011 sairia em janeiro. Acompanhei semanalmente e finalmente quando as semanas estavam disponíveis escolhemos a semana de 11 a 15 de julho. Liguei novamente para o KSC e por telefone fiz a reserva da semana, pagamos 294 dólares no cartão de crédito e começamos a desenhar nossa viagem.
Desta vez demandaria um pouco mais de logística. O KSC Camp não dispõe de alojamento. A programação é exclusivamente diurna. Isso significava termos de escolher onde ficar. Meu marido e nosso filho caçula também iriam e o caçula ainda não conhecia a Disney, então ficar a semana inteira tão perto e tão longe do Mickey nos pareceu uma maldade com ele. Decidimos em procurar um hotel em Titusville e nos deslocar diariamente para Orlando com o caçula enquanto Elisa participava de suas atividades, retornando no final da tarde para buscá-la.
Isso somente foi possível, pois havia o sistema de Early Drop/Late Pickup. Funcionava assim: ao pagar uma taxa extra de 40 dólares podíamos levar Elisa antes do início da atividade, a partir das 7h30 (o início era às 9h00) e buscar após o término da atividade diária (às 15h30) até 17h00. Isso nos possibilitaria ir até Orlando e passear um pouco e ampliaria as possibilidades de se comunicar em inglês para a Elisa. Um monitor ficava responsável pela chegada dos acampantes e outra monitora permanecia com ela até a nossa chegada, sempre com atividades como jogos de cartas e de tabuleiro.
Durante a semana ela participou de um projeto com pesquisa sobre Plantas Hidrófilas, além de experiências de física e brincadeiras com microgravidade e treinamento para astronauta. Na sexta-feira à tarde foi a cerimônia de “formatura”, com convite aos pais e no nosso caso, estendido aos tios (os mesmo de 2009…) e dos avós paternos que por lá também estavam curtindo férias em grande família.
Nossa intenção com este Summer Camp não era apenas a experiência no exterior e em atividades científicas, mas desenvolver a sua habilidade na língua inglesa bem como desenvolver a sua autoconfiança, permanecendo sozinha, sem a família, em atividades específicas para a sua idade. Acredito ter alcançado plenamente os objetivos traçados e muito mais.
Surpreendeu-me não encontrar por lá outros adolescentes brasileiros participando desta atividade. Disseram-me lá que recebem adolescentes de várias partes do mundo, mas que era a primeira vez que recebiam uma brasileira. Acho difícil, mas nunca se sabe. Durante a semana em que Elisa lá esteve tinha um grupo de cerca de 40 alunos de Taiwan, um francês, alguns canadenses, um suíço e alguns residentes dos Estados Unidos. E ela, do Brasil. Segundo o site, poderia ter solicitado um tradutor para acompanhá-la durante o Camp, mas não era esta a intenção. Ela precisava falar e muito durante a semana, então não solicitamos. Adquirir ritmo na fala e ampliar o vocabulário (inclusive com gírias…) foi o resultado muito bem alcançado.
Relato da experiência – Elisa
Primeiro dia
Chegamos lá cedo, e compramos duas camisetas (que era o uniforme do acampamento e o uso obrigatório). Depois fui para um lugar onde tinha algumas crianças e conversei com algumas, mas logo começou. Primeiro nos apresentaram as regras e os monitores, então dividiram os grupos por idade.
Eu fiquei no time Discovery. Fomos com as monitoras para uma Space Shuttle falsa, adaptada para virar tipo um auditório, e lá aprendemos sobre as plantas hidropônicas, que são plantas cultivadas sem o solo, apenas na água.
Fizemos nossos próprios vasos de hidropônicas e depois fomos almoçar. Teve cachorro quente no almoço. Depois do almoço fomos divididos em grupos menores, e fui para um simulador para aterrissar uma Space Shuttle, e um tempo depois fomos em outro que simula uma nave fora de controle.Por volta de 15h30 as atividades acabaram, e eu fiquei jogando com cartas com a Bethany (monitora do late pickup). Eu era a única que ficava lá depois do tempo, mas foi bom para eu treinar a minha pronúncia e ampliar meu vocabulário.
Segundo dia
Cheguei cedo de novo. Quando começou, nós fomos regar as plantas e fizemos um passeio pelo hall da fama dos astronautas e também assistimos a um vídeo sobre o universo. Acho que o almoço foi hambúrguer. De tarde continuamos o passeio.
Terceiro dia
Fomos a um museu que tinha a história dos foguetes e naves espaciais, e também contava sobre o projeto Apolo. Almoço foi pizza com refrigerante. De tarde nós voltamos e escalei a parede de micro gravidade (já que aprendi que zero-G não existe). Também decolamos e aterrissamos uma Space Shuttle, mas num simulador maior na forma da espaçonave, e cada um tinha um papel na missão, eu era mission specialist 2. Depois disso, construímos mini foguetes em grupo.
Quarto dia
Nesse dia, aprendemos a identificar minerais de acordo com cor, solidez, entre outros aspectos. Também aprendemos a construir pontes baseando-nos em princípios da engenharia. A ponte do meu grupo agüentou 12 libras (cerca de 5,4 quilos). Depois disso nós lançamos os foguetes que havíamos construído. No almoço teve sanduiche e suco. De tarde, tivemos uma palestra com um astronauta (Coronel Bob Springer), que nos explicou como é o cotidiano de um astronauta, e o que é necessário para se tornar um astronauta, como, por exemplo, ter milhares de horas de vôo em todo tipo de aeronave, helicóptero e jato.
Quinto dia
O dia já começou no KSC (Kennedy Space Center), pois era o dia da graduação. Nós fomos em todos os simuladores e em todas as exposições. O almoço foi tipo um Buffet, com macarrão, salada, frango, carne, milho entre outras opções. De tarde ficamos andando pelo lugar, até dar a hora da graduação, onde eles chamam nossos nomes por ordem alfabética, falam parabéns e aplaudem. Gostei muito dessa experiência, mas eu só recomendo para pessoas muito fluentes em inglês, porque algumas palavras e comandos são meio difíceis de entender.
Quero agradecer a Renata e a Elisa por compartilharem conosco essa experiência e tenho certeza que o tema irá despertar o interesse de muitos amigos.